Vejam só o que
é o monopólio estatal...
Fiz uma compra
no AliExpress. O objeto foi enviado da China. O relatório não mostra o trajeto
da China à Suiça, mas informa que foi despachado para cá no dia 9 de agosto.
Como eu paguei o frete mais barato, era de se esperar que demorasse para chegar
ao Brasil. Surpreendentemente, dia 15 (6 dias depois) já estava em terras
tupiniquins.
O itinerário
mostra várias etapas ocorridas no dia 15: recebimento pelos Correios, chegada à
fronteira, manuseio pela aduana (duas vezes) e fiscalização aduaneira
finalizada. Até aqui, tudo belezinha, tudo feito no mesmo dia.
Mas aí ele vai
para uma Unidade de Distribuição em Curitiba, nesse mesmo dia 15 de onde é
enviado para uma tal Unidade de Tratamento. Fica dois dias lá. Sabe-se lá que
tratamento o pacote fez. Deve ser um Spa. Ele volta, então, para a Unidade de
Distribuição no dia 17, onde fica mais 3 dias sendo admirado. Dia 20 ele é
enviado para a Unidade de Distribuição de São José dos Pinhais, onde pernoita
(Detalhe: ele chegou lá às 10 h 39 min, mas tinha que ficar lá o dia inteiro!),
para só dia 21 sair para entrega e, finalmente, chegar às minhas mãos.
Fazendo um
resumo, minha compra saiu da Suiça dia 9 e chegou ao Brasil dia 15. Foram seis
dias, mesmo pagando o frete mais barato.
Chegando ao
Brasil, ele passeou por Curitiba durante 5 dias, ficando parado em vários
lugares, depois dormiu mais uma noite em São José dos Pinhais (que é vizinha de
Curitiba, para quem não sabe) e só no dia 21 foi entregue. Total, 6 dias.
Foram 6 dias
da Suiça até Curitiba, depois 6 dias de Curitiba até São José dos Pinhais.
Demorou mais pra ser enviado à cidade vizinha que pra dar um quarto de volta ao
mundo!
Se eu
perguntar aos Correios o porquê dessa demora, vão aparecer milhares de
justificativas. Mas, sinceramente, vocês acham que o cliente quer
justificativa? Nós queremos é eficiência. Nessa velocidade e burocracia, se um
adolescente chinês fizesse uma encomenda a uma empresa brasileira,
provavelmente seu bisneto receberia o pedido!
Depois não
entendem por que queremos privatização e livre concorrência. Só quem ganha com
monopólio e empresas estatais é funcionário preguiçoso, com estabilidade e
salário que não justifica o serviço que ele executa. E aí estou incluindo desde
o funcionário dos Correios, passando pelos executivos que fingem que
administram a bagaça e chegando aos políticos que ganham propina pra não
privatizar esse troço.
Antes que eu
pareça estar generalizando, quero dizer que a moça que faz as entregas das
encomendas aqui em casa é eficiente. Todo dia a vejo na sua bicicleta descendo
a rua e entregando as encomendas e cartas. É simpática e parece gostar de seu
trabalho. Não é dessas pessoas que estou falando. É lógico que há excessões. E
espero sinceramente que, se um dia houver privatização desse elefante branco, que
essas pessoas eficientes sejam reconhecidas e seus empregos mantidos. Os demais
têm mais é que levar uma bela rasteira, mesmo.
Chega de
Estado interferindo no funcionamento, tolhendo a livre iniciativa. Deixem
trabalhar quem quer trabalhar, buscar eficiência, aprender a fazer melhor.
Trabalhei 6
anos numa empresa privatizada. Antes da privatização havia manifestações,
diziam que ela seria comprada por estrangeiros, que estavam dando nossa empresa
de alta tecnologia pros gringos... A privatização ocorreu mesmo com muita gente
torcendo contra. Ainda bem. Depois disso ela, que já era um motivo de orgulho,
ficou melhor ainda. Hoje é a quarta maior empresa do mundo em seu ramo de
negócios. Deu pra perceber que é da Embraer que estou falando?
Quando fui
contratado para trabalhar lá, foi como realizar um sonho. Sentia-me o máximo em
poder dizer que trabalhava lá, e até hoje me orgulho disso. Naquela época eu
podia ver as sequelas que ela carregava por ter sido uma estatal, mas ao mesmo
tempo eu via o quanto todos trabalhavam para mudar mentalidades e atitudes,
inovar, renovar, criar a partir do nada para competir no mercado global.
Lembro de um
diretor que era muito criticado por alguns ao usar um slogan: "Cliente com
peça é cliente feliz". Diziam que havia muitos outros problemas a serem
resolvidos, que não era só a entrega de peças que precisava ser focado... Eu
cursava administração na época e entendi sua posição. É preciso atacar primeiro
o problema mais grave. Quando ele não for mais um problema, então partimos para
o próximo. Isso se chama, em Marketing, Princípio de Pareto, e propõe que vinte
por cento das consequências correspondem a oitenta por cento das causas. Então,
pegue o problema mais grave e ataque-os primeiro. Com vinte por cento do
esforço, você resolverá oitenta por cento do que não está funcionando bem. Era
o que esse diretor fazia com seu slogan.
Eu lembro de
um administrador muito famoso que foi criticado por algo parecido: Henry Ford.
Ele dizia que o cliente poderia ter o carro da cor que quisesse, desde que
fosse preto. Hoje, dizer isso seria absurdo! Mas devemos analisar sua frase à
luz do contexto em que ele vivia. Ford criou uma indústria que popularizou os
automóveis. Naquela época apenas umas poucas pessoas podiam ter um carro. Com seu
modelo T, Ford fez o automóvel chegar à classe média, barateando muito o
produto. Para isso ele criou algumas inovações que lhe permitiram reduzir
imensamente seus custos. Criou a linha de produção, responsável por rapidez na
fabricação e entrega, aumento da qualidade final e barateamento da mão de obra.
Ora veja, se
uma indústria produzia dez automóveis por mês e a Ford Company produzia dez
vezes isso, então o custo dos salários embutido no preço final era um décimo do
de seus concorrentes. Nesse mesmo mês ele comprava dez vezes mais matéria
prima, conseguindo preços mais baratos de seus fornecedores por economia de
escala. Era o que acontecia com a tinta. Se ele comprasse apenas uma cor, teria
uma economia pelo volume da compra. Se comprasse várias cores, todas elas
sairiam mais caras. HAvia também os custos de trocar as cores nas câmaras de
pintura, o que demandava tempo improdutivo para ajustar o processo.
Percebem como
Ford estava certo? Também estava o diretor da Embraer que priorizou a entrega
de peças aos clientes. Mais tarde, quando trabalhei em empresas aéreas, vim a
saber o quanto é grave para uma companhia ter um avião parado sem peças
sobressalentes para colocá-lo de volta a voar. Avião no chão é dinheiro
perdido, como se costuma dizer no meio. Só voando ele gera receita para a
empresa. No chão, só gera gastos, e muitos!
Enfim, tudo
isso foi para concluir que um governo deve se preocupar em manter o básico. São
quatro áreas para cuidar, o resto é supérfluo.
1.
Segurança. Interna e externa. Um governo deve
prover polícia e forças armadas para que o povo sinta-se seguro, protegido e
possa trabalhar em paz.
2.
Saúde. Isso inclui hospitais, profissionais
dignamente remunerados, campanhas de vacinação, centros de diagnóstico e
assuntos correlatos.
3.
Educação. É o que garante um povo preparado para
dar continuidade ao progresso do país. Com educação há menos conflitos, pois
aprende-se a argumentar, dialogar, compreender o próximo, aceitar diferenças.
Também há mais produtividade, mais qualidade de mão de obra, menos perdas. Ela
provê consciência, cidadania, respeito e igualdade entre as pessoas. Enfim, é
com educação que teremos um povo que saberá cobrar do governo o que é
necessário.
4.
Infraestrutura. Para o país funcionar, certas
coisas não podem ser deixadas exclusivamente à iniciativa privada. O governo
deve prover transporte (estradas, ferrovias, hidrovias), saneamento, energia.
Incluo nisso o controle do funcionamento das instituições, como as agências
reguladoras, a economia, a máquina política, o funcionamento dos três poderes
de forma decente, inclusive com o combate à corrupção.
Se o governo
estiver explorando petróleo, transportando carta, administrando indústrias,
construindo moradias ou vendendo bilhetes de loteria, então estará se desviando
de sua função. Isso não é papel do Estado.
Pense nisso.
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